domingo, 21 de abril de 2013


Para Refletir

Não adoro cruzes
Padre Zezinho, SCJ
Ele era de outra igreja e apostrofou-me à queima roupa:
- Você adora ou não adora cruzes? Sua Igreja até reza isso na semana santa!
Olhei com calma e disse:
-Se prometer não me interromper, eu explico. Prometeu.
Então eu lhe disse:
- Você tem carinho especial pela sua Bíblia. É justo que tenha. Aprende nela! Eu aprendo com a Bíblia e com a cruz. Esta cruz pequena aqui no meu peito, eu não adoro, nem aquele enorme cruzeiro lá no morro, nem cruzes nas salas ou nas torres de igreja. São obras de marceneiros, carpinteiros e artesãos. Eu não poderia adorá-las porque são apenas objetos de devoção. Ela lembram Jesus, mas Jesus não está nelas. Se pegarem fogo Jesus não se queimará.
Mas, como você diz que adora Jesus, e que o sangue de Jesus tem poder e por isso mesmo adora Jesus, entenderá que aquela cruz na qual ele morreu tornou-se especial, porque seu sangue escorreu por ela. Eu nunca cheguei perto dela ou do que dizem que ainda existe dela. Então, recorro a símbolos.
Aquela cruz única empapada com o sangue redentor do Cristo foi madeiro santificado. Se eu chegasse perto de um pedaço dela eu o beijaria com a maior reverência, em memória do sangue que escorreu por aquele lenho. Ao adorar aquele sangue do meu Senhor misturado ao lenho onde ele morreu eu estaria, sim, adorando tudo o que teve a ver com a morte dele por nós.
Quando digo que adoro a santa cruz não falo desta aqui, nem de milhões de pequenas cruzes espalhadas pelo mundo. Estou pensando naquele sangue derramado numa delas e naquela cruz especial que foi testemunha do maior amor do mundo. Esta aqui que você vê no meu peito não teve o sangue dele a escorrer por ela. É simbólica e é sinal de gratidão. Esta, eu reverencio, porque aponta para a outra e para quem morreu na outra. A outra que eu nunca vi, eu venero de maneira muito especial. Gostaria de chegar perto, ao menos da parte que dizem que restou dela! Se você soubesse que ainda existe o rolo da lei que Jesus leu e logo após anunciou sua missão, como você o trataria? Como um documento qualquer?
Olhou-me assombrado e disse: – “Faz sentido!” De vez em quando, havendo tempo, a gente toma um café ecumênico na padaria de um senhor espírita…É… Pois é!

O papa Bento XVI no livro DIO E IL MONDO diz que Jesus não veio ao mundo fazer milagres e, sim, ensinar a conviver e anunciar o reino. Sua Palavra eram seus maiores milagres. De certa forma devolver a vista é mais fácil do que devolver a paz. E foi por isso que duas vezes Jesus perdoou e curou com um solene: não tornes a pecar. ( Jo 5,14; Jo 8,11)- Padre Zezinho, SCJ
O mesmo Deus que mandou fazer dois querubins de ouro e outras imagens, aprovou a destruição do bezerro de ouro. Moisés quebrou as tábuas da lei. Era como se hoje um pastor ou um padre rasgassem uma bíblia de maneira dramática para seu povo entender o que é adoração e o que é idolatria. Moisés fez isso. Padre Zezinho, SCJ
Quando alguém me acusa de idólatra por ter imagem eu o acuso de incendiário por ter fósforos em casa. Ele responde que sabe usar o fogo com responsabilidade. E eu retruco que eu também sei o que fazer com as imagens. De quebra mando ler umas dez passagens da Bíblia!-Padre Zezinho, SCJ
Siga Jesus, e ouça os seus pregadores, mas não acredite nos que dão o endereço e a hora para o milagre, ou para o exorcismo. Demônio que só se manifesta diante das câmeras, ao comando do apresentador e com hora marcada, é suspeito. Nem todo demônio de palco, de rádio e de televisão é demônio de verdade. É criação do pregador para mostrar que tem autoridade. Demônio de holofote em geral é mais obediente que cão amestrado. Seguramente ele leu o script e o roteiro. O demônio real é bem mais desobediente! Eu acreditaria mais na missão e no poder dos que expulsam demônios via satélite, e diante das câmeras, se de vez em quando eles não conseguissem. Milagres e exorcismos, com hora marcada, que sempre exaltam o pregador, tem cheiro de charlatanismo. Nem os apóstolos conseguiram sempre. (Mt 17,15-20) Os de hoje conseguem mais do que os apóstolos conseguiam. Não é estranho? Jesus diz que isso não vai impressioná-lo no dia do julgamento( Mt 7,22) Não será um sinal de santidade ou de eleição! Deixa claro que muita gente enganará o povo com falsos milagres e falsos exorcismos. Ele já previa tudo isso! ( Mt 24,24) – Padre Zezinho, SCJ
Tenha isso em mente. Bíblia é livro não é porrete. Usá-la para atacar os outros, é transformá-la em arma de agressão. Use a sua Bíblia para dialogar sobre a versão da sua Igreja e a versão da Igreja dos outros. Se este livro não gerar dialogo e fraternidade, vira porrete e se virar porrete, transforma o pregador em provocador. Diálogo é bom. Debate acaba em provocação verbal. Não aceito nunca ir a debates. Menos ainda, na televisão. Há o debate que é positivo, mas depende de quem o modera. Quando o debate é usado como estratégia de segurar a audiência, é melhor não ir. Há muitas maneiras de provocar: podemos chamar para a briga, para a reflexão ou para a conversão. Com diálogo, tudo é mais sereno. Não há outro caminho para o céu senão o diálogo com Deus, consigo mesmo e com os outros. O amor consiste nisso!
Padre Zezinho, SCJ
Muitos irmãos cristãos só se lembram da passagem em que Moisés mandou destruir um bezerro de ouro por ser um uso idolátrico, mas não se lembram das outras passagens, em que Deus mandou fazer dois querubins de ouro, na arca da aliança. Só interessa a passagem onde é proibido? Não interessa onde é permitido. São crentes sinceros ou não são? Querem a verdade ou não querem ? Pregam a verdade ou só a parte que interessa ao seu grupo?  O mesmo Deus que mandou fazer dois querubins de ouro e outras imagens aprovou a destruição do bezerro de ouro. Moisés quebrou as tábuas da Lei. Era como se hoje um pastor ou um padre rasgassem uma Bíblia, para seu povo entender o que é adoração e o que é idolatria. Moisés fez isso. Escandalizou, mas fez pensar. O povo podia ter imagens desde que não as adorasse e desde que apontassem para o verdadeiro Deus e não para um falso deus.
Padre Zezinho, SCJ
“Foi cômico, mas valeu. O fanático apontou para cruz no meu peito e me perguntou se eu sabia o que estava fazendo como aquele ídolo. Apontei para a Bíblia dele e lhe perguntei se ele sabia o que estava fazendo com um livro tão santo debaixo das axilas? Aquilo não era lugar para um livro tão santo! Eu cultivava no peito, em forma de cruz, a memória da morte de Cristo por mim e ele carregava esta memória escrita no sovaco. E daí?  Sentiu-se desrespeitado. E eu lhe disse – Você começou a me desrespeitar quando em troca de nada  me acusou de idólatra só porque viu uma cruz no meu peito. Pecou contra Mateus 7,1. Julgou-me sem ter esse direito! Acusou-me de idólatra e me caluniou! Nós dois somos cristãos e está na hora de aprendermos a  ser irmãos. Respeito é bom e eu gosto!  Nunca mais nos vimos. Mas espero que ele nunca mais tenha agredido quem traz uma cruz no peito! Acho bonito ver quem traz a Bíblia debaixo do braço. Espero que ele também ache bonito ver que eu cultivo a memória do imenso amor de Cristo por nós. Afinal, Paulo disse que pregava um Cristo crucificado pedra de tropeço para os judeus e loucura para os olhos dos pagãos.( Rm 1,23) Cristãos de verdade não deveriam se incomodar  com o irmão que leva um cruz no peito!”
Padre Zezinho, SCJ
Jesus é o nosso porquê. Eu sou católico porque acredito que Jesus Cristo é o Filho de Deus e pode mudar este planeta. Maria, os santos, os sinais, pra mim, são conseqüências de Jesus; existiram por causa dele, por ele e nele. É por isso, que eu digo que sou católico: por causa de Jesus Cristo. Maria, os santos, as velas, o terço são conseqüência. Não são a primeira razão”. – Padre Zezinho, SCJ
“Costumo orar a Jesus, para que fale por mim ao Pai. Isso está na Bíblia. Se eu posso rezar desse jeito, porque a mãe dele Maria poderia? Porque está morta e esperando ser salva? E Jesus até agora não conseguiu levar nem mesmo a mãe dele para o céu? Mas que cristianismo é esse? É isso que me distingue como cristão católico. Eu creio na passagem em que Jesus disse que viria buscar os que ele ama. Não disse que seria cem mil anos depois de sua morte!”  ( Jo 14,3) – Padre Zezinho, SCJ
“Devemos seguir Cristo por aquilo que Ele é e não por aquilo que Ele pode nos dar”
Citação do livro “Palavra e Vida 2012 – Instituto dos Frades de Emaus
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Sou dos que não sabem crer sozinhos. Por isso escolhi a Igreja Católica para crer com ela. Se outros escolhem outra igreja é um direito deles. Terão meu respeito. Só não aceito que me digam que são mais sábios ou mais santos porque aderiram a uma outra igreja. Pode ter certeza que entrarei no debate. Nem eles gostam que se fale mal da mãe deles, nem eu da minha!
Padre Zezinho,SCJ
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Na Hora de Nossa Morte

Padre Zezinho, SCJ
Nós, católicos, como todo e qualquer ser humano, não sabemos como e quando será o nosso fim. Por isso é que oramos a Maria todos os dias para que ore conosco e rogue por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Cremos em intercessores da terra e em intercessores do céu. Mas apostamos mais nas orações de quem já está salvo. Irmão que não crêem que há gente no céu, e que apostam que todo mundo esta dormindo o sono dos justos não pedem ajuda de intercessores do céu, a não ser que sejam anjos… Nós cremos no poder salvífico de Cristo que, se pode ressuscitar Lázaro, a menina e o rapaz, ali mesmo no ato, pode nos levar para o céu quando quiser. Damos mais destaque ao virei e levarei comigo ( ) do que ao soar a ultima trombeta. Como sempre, a escrituras sugerem leituras… E há leitores que entendem que a morte não no fará esperar séculos até o fim dos tempos. Ela nos levará para onde Jesus está. Maria, a mãe dele é a primícia dos que ele santificou. Então oramos a ela a respeito deste assunto de morrer bem. Ela estava ao pé da cruz e ela morreu bem…
A Ave Maria, é uma das orações mais realistas de todas as orações dos cristãos. É tipicamente católica. Evangélicos não a rezam. Direito deles, direito nosso! Entre nós, junto à prece do Pai Nosso que encontra paralelo no Hagadish dos hebreus, o texto “não nos deixeis cair em tentação mais livrai-nos do mal” soa em harmonia com “rogai por nó pecadores”. Estão cheias de injunções psicológicas.
Sozinhos não conseguiremos. Por isso pedimos ajuda. Não deixa de ser atitude inteligente. Os que acham que conseguirão sozinhos sem ajuda de irmãos daqui e de irmão de lá prossigam. Faço parte dos que admitem que precisam de intercessores, aqui e lá! Ainda não aprendeu a orar como deveria…

quinta-feira, 18 de abril de 2013


O Milagre da Fé

Padre Inácio José do Vale, OSBM
“Fé é crer no que não vemos. O prêmio da fé é ver o que cremos”.
Santo Agostinho de Hipona
Bispo e Doutor da Igreja
A fé é um fundamento. É o fundamento daquilo que esperamos, mas, que não podemos ver (Hb 11,1). Nós fomos, gratuitamente, salvos mediante a fé em Jesus (Ef 2,8), e, “é pela fé que alguém se torna herdeiro” (Rm 4,16). “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6), e, os vencedores do mundo serão aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus (1 Jo 5,5). Portanto, definitivamente, nós precisamos de fé.
A fé é um dom de Deus e Ele no-la dá dando-se a Si mesmo a nós. E nós demonstramos nossa aceitação desse dom de Deus, dando vidas para Jesus. Assim, participando desse relacionamento pessoal com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, é que realmente nos aprofundamos na fé.

Se nós resistimos á tentação de termos o total controle das nossas vidas e não tentamos conseguir tudo por nós mesmos, nos aprofundaremos na fé em Deus, através de Sua própria orientação. Se assumirmos, efetivamente, nossa cruz diária nos aprofundaremos na fé em Jesus crucificado e caminharemos com menos temor. Se deixarmos nos conduzir pela Palavra de Deus (Lc 1,38), nos aprofundaremos na fé no Espírito Santo, que nos ensina (Jo 14,26) a ouvi-Lo através da palavra (Rm 10,17).
O propósito da vida é ter fé, crescer na fé e caminhar pela fé em Deus (2 Cor 5,7). Nada mais. Será que quando voltar pela segunda e última vez, Ele “acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8).
“A fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (Rm 10,17).
Como São Jerônimo dizia: “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”, assim, se não conhecemos a Bíblia ou não buscamos conhece-la, torna-se incorreto dizermos que mantemos um relacionamento pessoal profundo com Jesus. Além do mais, esta falta de aprofundamento, também demonstra que ainda não temos a devida fé e que ainda não anunciamos a palavra Dele como deveríamos.
Ter fé, portanto, é ter um relacionamento pessoal tão estreito com Jesus, que a Sua palavra é a única palavra que nos interessa ouvir a seguir. A leitura constante da Bíblia nos direciona para isto e é o nosso primeiro passo no estreitamento definitivo, é anunciar a Sua palavra, para que outros venham a conhecê-Lo e possam segui-Lo.
Disse Jesus: “Vem e segue-me” (Mt 19,21). Seguir Jesus Cristo é ter fé em Sua Pessoa: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5), é acreditar nos seus ensinos: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo, quando vos ordenei” (Mt 28,18-20).
Quem segue Jesus Cristo, segue por amor e tem Ele como Mestre, Senhor e Salvador. Os discípulos do Divino Mestre têm a salutar doutrinação de repudiar qualquer outro mestre e outros ensinos de líderes sectários e suas crendices. Fora de Cristo a fé é morta e a crendice é ‘esperta’ para enganar terrivelmente.
“Todavia é necessário distinguir entre fé e crendice. Esta é um sentimento irracional, que deteriora o conceito de fé, seja citada a superstição do número 13. A fé, ao contrário, é um ato da inteligência humana que se aplica ao Ser mais nobre ou Supremo: Deus. A crendice engana e frustra, ao passo que a fé nobilita e tende a levar o homem à perfeição que lhe é possível ou á santidade”, afirma o renomado teólogo beneditino Dom Estêvão Bettencourt (PR, Nº 542, p. 366).
FÉ E TRADIÇÃO
“A fé equivale a um patrimônio eterno”.
Santo Ambrósio de Milão
Bispo e Doutor da Igreja
A essência do ato de fé é a adesão da inteligência ás verdades reveladas por Deus, em virtude da autoridade d’Aquele que as revela. Não se crê porque o conteúdo da fé seja evidente, nem porque ele esteja de acordo com as aspirações e as exigências pessoais ou atuais. A razão formal da fé é o fato de ser ela revelada por Deus, e o respeito de nossa inteligência lhe é devido, porque Ele não pode nem Se enganar nem nos enganar.
A Revelação divina nos é transmitida e claramente interpretada pelo Magistério infalível da igreja, ao qual devemos um assentimento humilde e filial, seja quando se exprime em sua forma extraordinária, seja em sua forma ordinária. Não é possível que a igreja se tenha enganado, ensinado durante séculos uma verdade ou condenado durante séculos um erro. Devido a sua origem divina, a fé alcança uma certeza que o conhecimento humano mais evidente não pode atingir (uma certeza, nós repetimos, devida Aquele que revela, e não à evidência intrínseca daquilo que é revelado). Sempre por causa dessa origem divina, quem quer que negue um só artigo da fé corta a fé pela base, como explica Santo Tomás com clareza: “aquele que não adere, como a uma regra infalível e divina, ao ensinamento da Igreja, [...] não tem o habitus da fé. Se ele admite verdades de fé, é por outra razão  diferente da verdadeira fé. [...] Fica claro também que quem adere ao ensinamento da Igreja como a uma regra infalível, dá seu assentimento a tudo que a Igreja ensina. Caso contrário, se ele admite somente o que quer, e não admite o que não quer, a partir desse momento ele não adere mais ao ensinamento da Igreja como a uma regra infalível, mas adere à sua vontade própria” (Summa Th., II-II, q. V. a.3).
Ora, é claro que, por causa da natureza estável da verdade e d’Aquele que revela ninguém, nem no seio da igreja nem fora dela, jamais poderá se outorgar o poder de ensinar alguma coisa diferente ou aposta ao que a Igreja recebeu de Nosso Senhor e transmitiu ao longo dos séculos.
São Vicente de Lérins respondia assim aos que temiam que isso impedisse o progresso na Igreja: “Não haverá jamais nenhum progresso na religião e, portanto na Igreja do Cristo? Certamente, haverá um progresso, e até um progresso considerável! [...] Mas com a condição de que se trate de um verdadeiro progresso para a fé, e não de uma mudança: há progresso quando uma realidade cresce permanecendo idêntica a si mesma. Há mudança quando uma coisa se transforma em outra.” (Commonitorium, XXXIII, 1-2).
A nossa santíssima fé esta conectada na Sagrada Escritura, Sagrada Tradição no Sagrado Magistério.
Escreve São Paulo Apóstolo: “Portanto, irmãos, ficai firmes; guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito” (2 Ts 2,15).
CONCLUSÃO
A fé é um grande milagre do bom Deus. Por ela somos justificados e temos paz e felicidade com a Santíssima Trindade, conosco e com o próximo.
A fé é a base e a posse de todo bem. Pela fé compreendemos o escopo do mundo imanente e transcendente.
O ser humano só pode ser realizado na espiritualidade da fé cristã.
É a santíssima fé o fundamento abissal que dá sentido pleno a vida.
Entender tudo isso, significa se aprofundar demasiadamente na dimensão espiritual da fé. Aqui se encontra tudo que uma alma precisa para ser salva.
A fé é a opulência da alma e a maior engenharia da construção da inteligência humana.
Tudo em nós é iluminado pela fé, cuja fonte é a luz de Cristo.
Vivemos pelo milagre da fé na Santíssima Trindade. “E ESTA É A VITÓRIA QUE VENCE O MUNDO: A NOSSA FÉ (1 Jo 5,4).

Assembleia Geral



Acontece, em Aparecida, SP, a 51ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 10 a 19 de abril de 2013, com a presença de mais de 300 arcebispos e bispos de todo o Brasil. A preocupação principal é voltada para a pastoral, com especial destaque, o dinamismo das nossas arquidioceses e dioceses.

O tema central, fundamentado nos imperativos e pedidos do Documento de Aparecida, é a “Comunidade de Comunidades, uma nova Paróquia”. Foi apresentado um texto, com mais de 70 páginas, preparado por uma equipe de trabalho, para que fosse lido, refletido, avaliado, com apresentação de intervenções e discussão em grupos.

Sentimos que nosso exercício pastoral precisa ser mais dinâmico, mais atuante e acolhedor. Para isto é fundamental a superação de uma realidade apenas de conservação e manutenção de estruturas que, nas realidades atuais, não ajudam mais. A mudança rápida da história e da cultura provoca a pastoral da Igreja no sentido de ser mais pertinente na sua missão de evangelizar.

Foi muito positiva a análise de conjuntura apresentada, tendo como ponto de partida o censo demográfico de 2010, mostrando a situação da religião dos últimos tempos no Brasil. Torna-se preocupante para as Igrejas tradicionais o constante crescimento das seitas, criando inclusive uma insegurança de fé na vida de muita gente, especialmente daqueles de pouca formação cristã.

Outros dois assuntos ganharam grande destaque no transcurso da Assembleia. Um deles é sobre a área da comunicação na Igreja do Brasil. O outro trata da questão agrária no século XXI em nosso país. Ambos foram colocados à apreciação dos bispos, com reflexões e apresentação de significativas sugestões de melhoria nos textos.

Esta Assembleia é órgão maior da CNBB. Ela constitui uma expressão muito forte de unidade no episcopado. É momento de convivência, de troca de experiências e de fortalecimento no caminho pastoral. Na verdade cria, em todo o Brasil, uma linguagem comum, porque as preocupações passam a fazer parte da vida de cada bispo. Isto ajuda, inclusive, nas ajudas mútuas. 

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.

Audiência Geral: Papa Francisco fala da Ascensão de Jesus

Boletim da Santa Sé
quarta-feira, 17 de abril de 2013,
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No Credo, encontramos a afirmação de que Jesus “subiu aos céus e está sentado à direita do Pai”. A vida terrena de Jesus culmina no evento da Ascensão, quando, isso é, Ele passa deste mundo ao Pai e é elevado à sua direita. Qual é o significado deste acontecimento? Quais são as consequências para a nossa vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? Sobre isto, deixemo-nos guiar pelo evangelista Lucas.
Partamos do momento no qual Jesus decide embarcar em sua última peregrinação a Jerusalém. São Lucas anota: “Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, ele resolveu dirigir-se a Jerusalém” (Lc 9, 51). Enquanto “ascende” à Cidade santa, onde se cumprirá o seu “êxodo” desta vida, Jesus vê já a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva de volta à glória do Pai passa pela Cruz, pela obediência ao desígnio divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a elevação sobre a cruz significa e anuncia a elevação da ascensão ao céu” (n. 661). Também nós devemos ter claro, na nossa vida cristã, que o entrar na glória de Deus exige a fidelidade cotidiana à sua vontade, mesmo quando requer sacrifício, requer às vezes mudar os nossos programas. A Ascensão de Jesus acontece concretamente no Monte das Oliveiras, próximo ao lugar onde havia se retirado em oração antes da paixão para permanecer em profunda união com o Pai: mais uma vez vemos que a oração nos dá a graça de viver fiéis ao projeto de Deus.
Ao final do seu Evangelho, São Lucas narra o evento da Ascensão de modo muito sintético. Jesus conduz os discípulos “para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi arrebatado ao céu. Depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo. E permaneciam no templo, louvando e bendizendo a Deus” (24, 50-53); assim diz São Lucas. Gostaria de salientar dois elementos da história. Antes de tudo, durante a Ascensão Jesus cumpre o gesto sacerdotal da benção e seguramente os discípulos exprimem a sua fé com a prostração, ajoelham-se inclinando a cabeça. Este é um primeiro ponto importante: Jesus é o único e eterno Sacerdote que com a sua paixão atravessou a morte e o sepulcro e ressuscitou e ascendeu ao Céu; está junto de Deus Pai, onde intercede para sempre a nosso favor (cfr Eb 9,24). Como afirma São João na sua Primeira Carta, Ele é o nosso advogado: que belo ouvir isto! Quando alguém é chamado por um juiz ou pelo tribunal, a primeira coisa que faz é procurar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, defende-nos das ciladas do diabo, defende-nos de nós mesmos, de nossos pecados! Caríssimos irmãos e irmãs, temos este advogado: não tenhamos medo de ir até Ele e pedir perdão, pedir a benção, pedir misericórdia! Ele nos perdoa sempre, é o nosso advogado: defende-nos sempre! Não se esqueçam disso! A Ascensão de Jesus ao Céu nos faz conhecer então esta realidade tão reconfortante para o nosso caminho: em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa humanidade foi levada junto a Deus; Ele nos abriu a passagem; Ele é como uma corda quando se escala uma montanha, que chegou ao topo e nos atrai para si conduzindo-nos a Deus. Se confiamos a Ele a nossa vida, se nos deixamos guiar por Ele, estamos certos de estar em mãos seguras, nas mãos do nosso salvador, do nosso advogado.
Um segundo elemento: São Lucas refere que os Apóstolos, depois de terem visto Jesus subir ao céu, retornaram a Jerusalém “com grande alegria”. Isto nos parece um pouco estranho. Em geral, quando estamos separados dos nossos familiares, dos nossos amigos, para uma partida definitiva e sobretudo por causa da morte, há em nós uma tristeza natural, porque não veremos mais a face deles, não escutaremos mais a sua voz, não poderemos mais desfrutar do afeto deles, da presença deles. Em vez disso, o evangelista destaca a profunda alegria dos Apóstolos. Mas como? Propriamente porque, com o olhar da fé, esses compreendem que, embora removido de seus olhos, Jesus permanece para sempre com eles, não os abandona e, na glória do Pai, sustenta-lhes, guia-lhes e intercede por eles.
São Lucas narra o fato da Ascensão também no início dos Atos dos Apóstolos, para destacar que este acontecimento é como o anel que envolve e conecta a vida terrena de Jesus àquela da Igreja. Aqui São Lucas também menciona a nuvem que levou Jesus para fora da vista dos discípulos, os quais permanecem a contemplar o Cristo que ascende para Deus (cfr At 1,9-10). Intervêm então dois homens em vestes brancas que os convidam a não permanecer imóveis a olhar para o céu, mas a nutrir a vida deles e o testemunho deles com a certeza de que Jesus voltará do mesmo modo com o qual o viram subir ao céu (cfr At 1,10-11). É propriamente o convite para partir da contemplação do Senhorio de Cristo, para ter Dele a força de levar e testemunhar o Evangelho na vida de cada dia: contemplar e agir, reza e trabalha, ensina São Benedito, são ambos necessários na nossa vida de cristãos.
Queridos irmãos e irmãs, a Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo em meio a nós de modo novo; não está mais em um lugar preciso no mundo como o era antes da Ascensão; agora está no senhorio de Deus, presente em cada espaço e tempo, próximo a cada um de nós. Na nossa vida não estamos nunca sozinhos: temos este advogado que nos espera, que nos defende. Não estamos nunca sozinhos: o Senhor crucificado e ressuscitado nos guia; conosco há tantos irmãos e irmãs que no silêncio e na ocultação, em sua vida de família e de trabalho, em seus problemas e dificuldades, em suas alegrias e esperanças, vivem cotidianamente a fé e levam, juntos a nós, ao mundo o senhorio do amor de Deus, em Cristo Jesus ressuscitado, que subiu ao Céu, advogado para nós. Obrigado.

quinta-feira, 4 de abril de 2013


Como conversar com Deus

Pe. Paulo M. Ramalho
Muitas nem sequer conversam: só agradecem e pedem. Isso é relacionar-se com Deus, mas não conversar. Outras vão um pouco mais além e pedem luz a Deus ao longo do dia. Isso é muito bom, mas não é ter uma autêntica conversa.
Conversar com Deus é fazer o mesmo que fazemos quando falamos com qualquer amigo:
- falamos de tudo;
- falamos com toda a simplicidade;
- desabafamos;
- reclamamos se fez algo que não gostamos;
- pedimos conselhos;
- comentamos sobre as nossas alegrias;
- falamos das nossas preocupações;
- contamos sobre as nossas impressões a respeito das coisas e dos acontecimentos etc.
Isso me faz lembrar as obras de Giovanni Guareschi, em que seu personagem principal, Dom Camilo, conversa com toda a simplicidade com Deus como quem realmente é, um amigo. Veja, por exemplo, um trecho do livro Dom Camilo e os Cabeludos em que Dom Camilo vai desabafar com Deus, pois já não aguenta mais as confusões que cria na cidade o filho do prefeito, que é um roqueiro cabeludo:
“Dom Camilo, aquela noite, não se aguentava de alegria, e foi desabafar-se com o Cristo crucificado do altar-mor:
— Senhor – disse -, eu vos agradeço por terdes levado a confusão e a discórdia ao campo dos inimigos de Deus.
— Eu não posso levar escuridão e discórdia, mas somente luz e paz – respondeu o Cristo. – Camilo, o teu inimigo é também teu próximo e os sofrimentos do teu próximo devem ser também os teus sofrimentos.
— Perdoai, Senhor – replicou Dom Camilo -, mas eu não sinto pena alguma pelo fato de Peppone ter um filho cabeludo!
— Dom Camilo – disse sorrindo o Cristo -, não te esqueças de que eu também, durante a minha vida terrena, fui um cabeludo!
— Senhor! – exclamou Dom Camilo, indignado – Esse rapaz não se contenta em andar com os cabelos compridos. É também violento e malvado!
— Dom Camilo – repreendeu o Cristo -, com que facilidade dás de presente ao lobo as ovelhas do teu rebanho!
Dom Camilo não pôde responder porque, naquele instante, Peppone entrou na igreja. Tinha uma cara que prometia tempestade e Dom Camilo o rebocou até a casa paroquial (Giovanni Guareschi, Dom Camilo e os Cabeludos)”.
Nossa relação com Deus deve ser uma relação normal, como com qualquer outra pessoa. É claro que temos de ter por Ele  veneração e respeito enormes. Mas isso não exclui a possibilidade de Lhe falarmos com simplicidade, inclusive reclamando carinhosamente quando Ele “se esquece” de nós ou “não faz” algo que pedimos.
Tenho conversado com Deus desta maneira? Deus é meu Amigo, meu melhor Amigo? Desabafo com Ele? Reclamo quando faz falta? Vou comentando todas as coisas com Ele: minhas preocupações, minhas alegrias, que o dia está lindo, que estou preocupado com tal coisa, que a comida está uma delícia etc?
Além de ter essa conversa com Deus ao longo do dia, encontremos também uns minutos todos os dias, quinze minutos, por exemplo, para parar tudo e conversar com Ele. Sem estas pausas, nossa relação com Ele nunca irá a fundo: saber o que Ele quer que melhoremos, meditar mais a fundo um mistério da sua vida, captar mais a fundo uma luz que Ele quer nos dar etc.
Que Deus seja nosso melhor Amigo!!! Se Ele o for, nossa vida passará a ser uma maravilha. Seremos iluminados e guiados por Ele. Viveremos inundados na paz e na alegria. Vale a pena!
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce; Capelão do IICS (Instituto Internacional de Ciências Sociais). Atende direção espiritual na Igreja de São Gabriel, em São Paulo.