terça-feira, 31 de janeiro de 2012


Galinhas e avestruzes

Padre José Fernandes de Oliveira, SCJ
Antes que alguém se ofenda pensando que me refiro a ele ou ao seu pregador preferido, aviso que é de todos nós que falo. Serve para mim, para você para qualquer cristão que pretenda pensar como Jesus pensou. Foi ele quem disse que devemos procurar os últimos lugares, porque, se formos realmente necessários e importantes, alguém nos chamará para lugares de maior destaque. (Lc 14,10). E foi ele, também quem disse que se formos bajulados ou elogiados deveremos declarar que não somos tudo aquilo posto que não fizemos nada mais do que alguém na nossa posição deve fazer. (Lc 17,10) É Jesus ensinando humildade e sensatez.

Sensatez e humildade são o que perde aquele ou aquela que fala demais de si, que procura demais os aplausos, e elogia demais a própria obra. Insensato é quem faz um marketing ruidoso de si ou de seu mais novo trabalho como se nada de melhor houvesse. É sensatez que beira ao ridículo, quando o cristão visivelmente faz de tudo para estar diante de microfones e holofotes, cinco seis ou até dez horas por dia. Uma coisa é estar lá por nomeação e profissão e, outra é correr atrás da notoriedade. Quem aparece mais do que a mensagem mostra que não a entendeu.
Do ponto de vista da galinha, o ovo dela é maior do que o da avestruz ou, no mínimo, empata. Aos olhos dos humanos ele é menor, mas, tamanho por tamanho, ovos de galinha e de avestruz se equilibram. Se a avestruz é vinte vezes maior do que uma galinha nada mais natural que seu ovo tenha vinte vezes mais conteúdo. Ela tem a obrigação de produzir um grande ovo.
Mas aí vem a história do marketing e do cacarejo. Ao que tudo indica, a galinha com seu marketing compensa o tamanho do seu ovo. Dizem as más línguas que o mundo cria galinhas e compra seus ovos porque elas são exímias marketeiras. A avestruz é bem mais comedida… Conta com o próprio tamanho.
Isso talvez explique em parte porque homens e mulheres cultos e bem preparados, com muito mais a oferecer evitem a mídia, enquanto pessoas bem menos preparadas, com pouco a ensinar, estejam lá todos os dias exibindo-se, desde os BBBs até os talk-shows onde, o mais que podem,contam histórias sobre si mesmas. Cada qual vende o peixe que pescou e o ovo que botou.
Irônico e cruel? Serve para mim e serve para você. É bom que examinemos o porquê de nossa presença o rádio e na televisão. Nos cursos de comunicação que ministro, há quase 30 anos, nunca deixo de lembrar os ovos da galinha e os da avestruz. Quem acha que tem mais a oferecer e não vai lá ajudar a instruir milhões de cabeças e corações talvez não tenha o direito de criticar quem tem pouco a dizer, mas vai lá, exibe-se e diz. Os que sabem menos estão ocupando o lugar de quem sabe mais e poderia ensinar mais, mas não vai. Outra vez, foi Jesus quem disse que daquele a quem mais se deu, mais se exigirá e que discípulo seu, sem vaidades deveria anunciar de cima dos telhados.(Mt 10,27)
Isso de estar na mídia não é assim tão simples. De certa forma somos todos galinhas e avestruzes. Calamos quando não deveríamos calar e cacarejamos quando bastaria dizê-lo serenamente! O exibido nunca admite que o é. Há pregadores exagerando nas suas aparições e outros, omitindo-se! Os documentos da Igreja mandam ir. Mas também mandam que se vá com moderação e conteúdo sólido. Estamos todos a precisar de uma séria reavaliação da nossa presença na mídia. O triste é que os que mais precisam repensar o que fazem, não aceitam. Lembram o cozinheiro que adorava as próprias receitas. Media seu talento de cozinheiro pelo número dos que freqüentavam seu restaurante. Isso, até o dia em que outros cozinheiros apareceram com novas receitas e novo modo de servir. Se eram melhores ou não o fato é que a situação mudou. O resto, o leitor já pode imaginar! O cozinheiro passou a oferecer comida de qualidade duvidosa, mas muito mais barata. É o perigo que rondou e ronda os pregadores. Sobre isso também Jesus deixou o seu recado: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mt 6,7) Ligue sua televisão e conclua! O que você vê e ouve é profundo e faz pensar ou anda leve e repetitivo demais! Se você conhece o endereço da emissora em questão, manifeste-se!
FONTE: Padre Zezinho, SCJ

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012


A história do Santo Sudário

Pe. David Francisco, EP
Quando Jesus disse: “consummatum est” e expirou, José de Arimatéia teve a “audácia de ir a Pilatos” (Mc 15, 43) pedir o corpo de Jesus para proceder ao sepultamento conforme o costume.
Os Evangelhos nos contam que, uma vez concedida a licença, Jesus foi envolto num lençol e depositado num sepulcro novo. São Mateus fala de um pano limpo de linho e São Lucas de um lençol de linho.

O que conhecemos hoje como Sudário é um lençol de linho, de tecido firme e forte, de cor sépia, e de grandes dimensões ( 4,36m de comprimento por 1,10m  de largura) , que traz milagrosamente estampado, de frente e de costas em tamanho natural, a figura de um homem de barba com idade calculada entre 30 e 35 anos, de aproximadamente 1,80m de altura e  pesando mais ou menos 80 quilos, que foi torturado, flagelado e crucificado. Conserva-se há mais de quatro séculos na cidade italiana de Turim.
Um lenço com o qual se enxugava o suor do rosto designava-se: sudário. Depois, com o tempo essa terminologia passou a ser usada para designar o lençol ou mortalha utilizada para envolver cadáveres nos sepultamentos. Com o mesmo significado, temos em grego a palavra “sidon” , daí vem sindonologia que quer dizer: estudo do sudário.
Desde o momento em que José de Arimatéia saiu do Pretório, às pressas, para adquirir o lençol no mercado de Jerusalém, iniciou-se uma história que atravessaria os séculos. Em nossos dias ela desperta interesse tão ou mais significativos que nos primeiros séculos, sobretudo por causa das incógnitas que apresenta e que nem a ciência moderna consegue desvendar inteiramente.
Foi um longo período, marcado por aparecimentos e desaparecimentos que vai desde o ano 30 de nossa era até 1356, quando é entregue por Godofredo de  Charny I  aos cônegos de Lirey, na França. A partir daí, a história do Santo Sudário é bem conhecida  e esta devidamente documentada.
Em 1356, Godofredo de Charny I  – cavaleiro cruzado – entrega aos cônegos de Lirey o Sudário, que estava em seu poder há pelo menos três anos.
Difícil saber, entretanto, como o Sudário foi parar na França porque Godofredo jamais revelou como entrou na posse dele. Acreditam alguns historiadores que tenha sido na época em que Constantinopla caiu nas mãos dos bizantinos.
Em 1390, duas bulas tratando do Sudário foram editadas pelo antipapa de Avignon, Clemente VII.
Não se ouviu falar do Sudário até 1418, quando Humberto, Conde de La Roche, que se casara com Margarida de Charny, recebeu o Santo Sudário dos cônegos de Lirey, para guardá-lo por um certo período em que ocorriam guerras e desordens. O Conde de La Roche, entretanto, veio a falecer sem ter restituído a relíquia aos cônegos de Lirey.
Em 8 de maio de 1443, Margarida de Charny, neta de Godofredo de Charny, foi intimada em juízo a devolver o Sudário aos cônegos de Lirey, quando alegou “ser ele de sua propriedade por direito de conquista feita em guerra por seu avô”.
Em 1453, no dia 22 de março, Margarida entrega o Sudário à mulher do duque Ludovico de Sabóia, Ana de Lusignano.
Em 1457, no dia 30 de maio, Margarida foi apenada com  excomunhão pelo tribunal eclesiástico de Besançon.
Em 7 de outubro de 1459,  Margarida  de Charny faleceu.
Em 1464, no dia 6 de fevereiro, o duque Ludovico de Sabóia, (que estava na posse do lençol),  nega-se a atender um pedido de restituição da relíquia, feito pelos cônegos de Lirey, que se consideravam os legítimos proprietários do lençol.
Em 1502, o Sudário foi levado à Sacra Capela do castelo, em Chambéry, especialmente construída para ele.
Em 1506, o Papa Júlio II aprova a Liturgia do Santo Sudário, com festa anual no dia 4 de maio. Desde 1453 até 1506 o Sudário esteve na posse da família Sabóia, em Chambéry, como objeto privado.
Um violento incêndio, ocorrido na noite de 3 para 4 de dezembro de 1532 na sacristia da Sacra Capela,  atingiu seriamente o Sudário lá guardado dentro de uma urna de prata. O cônego Lambert, ajudado por dois franciscanos e um ferreiro, conseguiu salvá-lo lançando grande quantidade de água sobre a urna, já incandescente e começando a fundir-se. Felizmente os danos, embora irreversíveis, não prejudicaram totalmente as imagens impressas. Como o lençol estava dobrado dentro da urna, as bordas das dobras, que estavam em contato com uma lateral incandescente, ficaram chamuscadas. Algumas gotas da prata fundida também o perfuraram e a água, utilizada para debelar o incêndio, produziu manchas em forma de losango, tanto na imagem frontal, como na dorsal.
Em 1534, no período de 15 de abril a 2 de maio, as irmãs Peronette Rosset, Marie de Barre e Collete Rochete, aplicaram remendos triangulares nos furos, costurando-os pelo avesso do lençol, porque ali não há nenhuma imagem.
Em 1535, por motivo de guerra, o Sudário foi levado para outras cidades da Itália e da França. Saiu de Chambéry, passou por Turim, Vercelli, Milão, Nice, novamente Vercelli.
Em 1561, a relíquia retornou a Chambéry. O traslado para Turim deu-se por um ato de piedade do então Cardeal Carlos Borromeu.
Em 1578, no dia 8 de outubro, o Sudário foi trasladado para a Catedral de Turim. Nesse ano, o Cardeal de Milão, hoje São Carlos Borromeu, fez um voto de ir a pé, de Milão a Chambéry, em peregrinação para adorar o Sudário, caso a epidemia de peste desaparecesse de sua cidade. Alcançada a graça, o Cardeal iniciou a caminhada. Para poupá-lo da penosa viagem através dos Alpes, o duque Emanuel Filiberto de Sabóia mandou levar o Sudário até Turim, metade do caminho entre Milão e Chambéry.   Desde então, permanece o Santo Sudário em Turim até nossos dias.


FONTE: Gaudim Press

Conversão de São Paulo

O martírio de São Paulo é celebrado junto com o de São Pedro, em 29 de junho, mas sua conversão tem tanta importância para a história da Igreja que merece uma data à parte. Neste dia, no ano 1554, deu-se também a fundação da que seria a maior cidade do Brasil, São Paulo, que ganhou seu nome em homenagem a tão importante acontecimento. 

Saulo, seu nome original, nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um pólo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto. Pelo mérito de seus serviços recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho. 

Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto. Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro. 

Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel. 

Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estêvão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio. 

Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como "mais forte e mais brilhante que a luz do Sol", desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar. Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra "visita" de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias pois receberia uma revelação importante. A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e à seu pedido também sem comer e sem beber. 

Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o. A conversão se deu no mesmo instante pois ele pediu para ser Batizado por Ananias. De Damasco saiu a pregar a palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo. 

Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões. Perseguido incansavelmente, foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália, festejada no dia de sua consagração em 18 de novembro. 

O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira "Teologia do Novo Testamento". Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.