terça-feira, 26 de abril de 2016

                                A velha amendoeira


Bom dia amendoira! 
hoje eu te saúdo
quantos dias na minha infância, eras tu, 
que vinha me saúdar.
Me acordando para o dia, sacudindo suas folhagens
na janela, á me chamar.
e quando o dia terminava, para mais uma aventura
buscava na sua altura, pra no meu quarto entrar!

Estou voltando ao meu lar!
Em busca dos vinte anos que longe de ti fiquei,
saí por melhores dias, adquiri sabedoria
nem todos foram tão bons!
que fizessem  me esquecer, a infância, tão rica e farta
que ao teu lado vivi, 
com sua sombra refrescante
seu barulho murmurante, chamando-me a te escalar
Só me vencia e descia, 
quando tu eras ameaçada, de alguém vir te cortar!

Não chores amendoeira!
estou de volta ao meu lar, e lá quem chorava era eu!
Lá o homem não tem pena,ignora o pranto ecológico
o machado desfere violentos golpes
e as árvores infelizes, vencidas se desmoronam!
Alegre-te amendoeira!
Antes de mim não partirás
Viverás para ver um dia
o mundo por ti respirar
porque tu és a esperança
pulmão de um mundo criança
que não sabe de ti cuidar!!





domingo, 24 de abril de 2016

Mensagem da CNBB para as eleições de 2016
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24)

Neste ano de eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB dirige ao povo brasileiro uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. Os cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a dar a razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise pela qual passa o Brasil.


Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos. Só com participação cidadã de todos os brasileiros e brasileiras é possível a realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município onde cada pessoa mora e constrói sua rede de relações. Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios. As eleições são um dos caminhos para atingirmos essa meta.

A política, do ponto de vista ético, “é o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos, nações que ofereçam condições para a realização do bem comum”. Já do ponto de vista da organização, a política é o exercício do poder e o esforço por conquistá-lo1, a fim de que seja exercido na perspectiva do serviço.

Os cristãos leigos e leigas não podem “abdicar da participação na política” (Christifideles Laici, 42). A eles cabe, de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. Contribui para isso a participação consciente no processo eleitoral, escolhendo e votando em candidatos honestos e competentes. Associando fé e vida, a cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos.

As eleições municipais têm uma atração e uma força próprias pela proximidade dos candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso desperta mais interesse e facilita as relações, por outro, pode levar a práticas condenáveis como a compra e venda de votos, a divisão de famílias e da comunidade. Na política, é fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência de qualquer ordem.

Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo distinguir claramente as funções para as quais se candidatam. Dos prefeitos, no poder executivo, espera-se “conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos”2. Dos legisladores, os vereadores, requer-se “uma ação correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”3.

É fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta moral e ética e, se já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na apresentação e votação de matérias e leis a favor do bem comum. A Lei da Ficha Limpa há de ser, neste caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar candidatos de ficha suja.

Uma boa maneira de conhecer os candidatos e suas propostas é promover debates com os concorrentes. Em muitos casos cabe propor lhes a assinatura de cartas-compromisso em relação a alguma causa relevante para a comunidade como, por exemplo, a defesa do direito de crianças e adolescentes. Pode ser inovador e eficaz elaborar projetos de lei, com a ajuda de assessores, e solicitar a adesão de candidatos no sentido de aprovar os projetos de lei tanto para o executivo quanto para o legislativo.

É preciso estar atento aos custos das campanhas. O gasto exorbitante, além de afrontar os mais pobres, contradiz o compromisso com a sobriedade e a simplicidade que deveria ser assumido por candidatos e partidos. Cabe aos eleitores observar as fontes de arrecadação dos candidatos, bem como sua prestação de contas. A lei que proíbe o financiamento de campanha por empresas, aplicada pela primeira vez nessas eleições, é um dos passos que permitem devolver ao povo o protagonismo eleitoral, submetido antes ao poder econômico. Além disso, estanca uma das veias mais eficazes de corrupção, como atestam os escândalos noticiados pela imprensa. Da mesma forma, é preciso combater sistematicamente a vergonhosa prática de “Caixa 2”, tão comum nas campanhas eleitorais.

A compra e venda de votos e o uso da máquina administrativa nas campanhas constituem crime eleitoral que atenta contra a honra do eleitor e contra a cidadania. Exortamos os eleitores a fiscalizarem os candidatos e, constatando esse ato de corrupção, a denunciarem os envolvidos ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral, conforme prevê a Lei 9840, uma conquista da mobilização popular há quase duas décadas.

A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No discernimento dos melhores candidatos, tenha-se em conta seu compromisso com a vida, com a justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além de seu testemunho na comunidade de fé. Promova-se a renovação de candidaturas, pondo fim ao carreirismo político. Por isso, exortamos as comunidades a aprofundarem seu conhecimento sobre a vida política de seu município e do país, fazendo sempre a opção por aqueles que se proponham a governar a partir dos pobres, não se rendendo à lógica da economia de mercado cujo centro é o lucro e não a pessoa.

Após as eleições, é importante a comunidade se organizar para acompanhar os mandatos dos eleitos. Os cristãos leigos e leigas, inspirados na fé que vem do Evangelho, devem se preparar para assumir, de acordo com sua vocação, competência e capacitação, serviços nos Conselhos de participação popular, como o da Educação, Saúde, Criança e Adolescente, Juventude, Assistência Social etc. Devem, igualmente, acompanhar as reuniões das Câmaras Municipais onde se votam projetos e leis para o município. Estejam atentos à elaboração e implementação de políticas públicas que atendam especialmente às populações mais vulneráveis como crianças, jovens, idosos, migrantes, indígenas, quilombolas e os pobres.

Confiamos que nossas comunidades saberão se organizar para tornar as eleições municipais ocasião de fortalecimento da democracia que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte seja sempre a construção do bem comum.

Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira dos brasileiros, nos acompanhe e auxilie no exercício de nossa cidadania a favor do Brasil e de nossos municípios, onde começa a democracia.

Aparecida – SP, 13 de abril de 2016

Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
8 traços das pessoas autênticas
Padre Edivan Pedro

Você conhece pessoas autênticas? Você é uma delas? Sabe como elas são?

É possível que você tenha convivido ou conviva com uma pessoa desse tipo e não saiba. Estas pessoas são uma rajada de ar que refresca a sua vida e preenchem qualquer espaço no qual estejam. São fáceis de identificar porque quando chegam na sua vida, inundam com uma boa vibração, alegria e inspiração.


A sua forma de ser é agradável e qualquer um ao seu lado se sente bem e confiante. As pessoas autênticas fazem você se sentir tão bem, que lhe permitem ser você mesmo. Ao seu lado, você pode se esquecer de posses e ideias preconcebidas. Sabem que cada um é especial e farão você se sentir único. Vejamos a seguir os principais traços das pessoas autênticas.

1. Fazem ouvir as suas opiniões e se expressam sem temor

As pessoas autênticas sabem que existem poucos motivos pelos quais as opiniões devem ser mantidas ocultas. Se essas pessoas têm algo a dizer, simplesmente o fazem. Agora, sempre têm cuidado para não machucar ou ferir os outros com as suas opiniões. Procuram se fazer ouvir e fazem valer a sua opinião, mas não querem ferir ninguém.

Muitas vezes preferimos ocultar as nossas opiniões porque tememos ser criticados. As pessoas autênticas sabem que a crítica é muito comum mas que nem sempre está relacionada à sua pessoa. Entendem que a opinião que os outros tem sobre eles é algo exterior. Uma das suas melhores qualidades é que sabem as opiniões não devem ser tomadas como algo pessoal.

“Não se deve temer aqueles que têm outra opinião, e sim aqueles que têm outra opinião mas que são muito covardes para manifestá-la”
-Napoleão I-
2. Agem segundo motivações internas e não externas

Quando foi a última vez que você fez algo só porque você tinha vontade de fazê-lo? As pessoas autênticas regem as suas vidas pela sua própria escala de valores e fazem somente aquilo que desejam. Sabem que não podem depender dos outros para serem felizes, nem conseguir alcançar os seus objetivos. São independentes e estão dispostos a se arriscar para chegar onde desejam.

3. O seu melhor amigo é o seu “eu interior”

As pessoas autênticas são muito diferentes entre si. Algumas têm muitos amigos porque se relacionam com facilidade. Outras são mais introvertidas e preferem ter poucos amigos que sejam muito próximos. Você nunca vai vê-los fazendo algo que vá contra a sua escala de valores, e o seu diálogo interior é positivo. Eles não sabotam a si mesmos, nem fazem coisas que possam prejudicá-los.

4. Evitam julgar

As pessoas autênticas sabem que não é fácil seguir o seu próprio caminho, por isso não perdem tempo julgando os outros. É provável que se elas têm algo a dizer ou uma opinião sincera, irão expressá-la. Depois esquecerão o assunto e deixarão que você tome as suas próprias decisões. Você pode contar com eles de forma honesta.

5. Conhecem e valorizam as suas características particulares

Embora a mídia tente nos convencer de que certos padrões de beleza são os adequados, as pessoas autênticas sabem que cada um é especial. Elas não se preocupam em cumprir com padrões de beleza. Elas se concentram em conhecer a si mesmas e se valorizam pelo que são. Também conhecem os seus defeitos ou pontos fracos, e aprenderam a tirar proveito deles ou a diminuir os seus efeitos negativos.

6. Não dão conselhos que eles mesmos não fariam

As pessoas autênticas sabem que criticar, julgar ou falar demais é negativo. Também sabem que dar uma opinião ou conselho é mais fácil que segui-lo. Por isso, quando você lhes pede um conselho, pensam bem antes de falar. Você os reconhecerá porquesão as pessoas que dão os conselhos mais realistas. É que falam da sua própria experiência porque não sugeririam fazer algo que eles mesmos não fariam.

7. Cuidam-se física e emocionalmente

As pessoas autênticas valorizam quem são e fazem o possível para manter o seu corpo e sua mente em forma. Elas dão a si mesmas tempo para realizar os seus rituais de beleza, saem para fazer exercícios, cuidam da sua alimentação e das suas relações interpessoais. Sabem que a vida consiste em estabelecer prioridades e dar a cada coisa a sua importância e tempo.



8. As pessoas autênticas respiram livres e permitem que quem os rodeia seja honesto.

Talvez você mesmo seja uma dessas pessoas mas não tinha percebido, ou tenha ao seu lado uma pessoa autêntica. Se você tem uma dessas pessoas ao seu lado, valorize-a e aceite-a pois ela fará o mesmo com você.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014


Presidente da Sociedade Teológica Evangélica retorna à Igreja Católica


WASHINGTON DC, 08 Mai. 07 / 07:34 pm (ACI).- Francis Beckwith renunciou esta semana a seu cargo de Presidente da Sociedade Teológica Evangélica (ETS). O motivo: retornou à Igreja a Católica onde cresceu e que abandonou para abraçar o protestantismo.
Conforme sustenta em um blog, “não acredito que seja possível que a ETS conduza seu negócio e seus assuntos de forma que impulsione o Evangelho de Cristo, enquanto eu seja seu presidente. Por isso, desde em 5 de maio renuncio ao cargo de presidente da ETS e membro de seu comitê executivo”.
Beckwith relata que começou sua volta à fé em que cresceu, quando decidiu ler a alguns bispos e teólogos dos primeiros séculos da Igreja. “Em janeiro, por sugestão de um amigo querido, comecei a ler aos Padres da Igreja assim como alguns trabalhos mais sofisticados sobre a justificação em autores católicos.  Comecei a convencer-me que a Igreja primitiva é mais católica que protestante e que a visão católica da justificação, corretamente compreendida, é bíblica e historicamente defensável”.
O perito estava disposto a retornar à Igreja Católica quando terminasse seu serviço como presidente em novembro do próximo ano. Entretanto, seu sobrinho de 16 anos pediu para ser seu padrinho de confirmação no próximo dia 13 de maio e por isso reconsiderou sua decisão.
Segundo Beckwith, “não podia dizer ‘não’ a meu sobrinho querido, que credita na renovação de sua fé em Cristo a nossas conversas e correspondência. Mas para fazê-lo, devo estar em total comunhão com a Igreja. Por isso, em 28 de abril passado recebi o sacramento da Confissão”.
Beckwith espera que sua partida permita à Sociedade Teológica Evangélica estudar a tradição da Igreja em uma forma que não seria possível com ele de presidente.
“Há uma conversa que deve realizar-se na ETS, uma conversa sobre a relação entre Evangelismo e o que se chama ‘Grande Tradição’, uma tradição da qual todos os cristãos podem traçar sua paternidade espiritual e eclesiástica. É uma conversação que eu recebo com agrado, e na espero ser participante. Mas minha presença na ETS como presidente, concluí, diminui as possibilidades de que ocorra esta conversa.  Só exacerbaria a desunião entre cristãos que precisa ser remediada.

sábado, 26 de abril de 2014

Jesus ressuscitou de verdade?

Prof.: Felipe Aquino
Canção Nova
A Igreja não tem dúvida em afirmar que a Ressurreição de Jesus foi um evento histórico e transcendente. S. Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano de 56: “Eu vos transmiti. O que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze” (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala aqui da viva tradição da Ressurreição, que ficou conhecendo.
O primeiro acontecimento da manhã do Domingo de Páscoa foi a descoberta do sepulcro vazio (cf. Mc 16, 1-8). Ele foi a base de toda a ação e pregação dos Apóstolos e foi muito bem registrada por eles. São João afirma: “O que vimos, ouvimos e as nossas mãos apalparam isto atestamos” (1 Jo 1,1-2). Jesus ressuscitado apareceu a Madalena (Jo 20, 19-23); aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos Apóstolos no Cenáculo, com Tomé ausente (Jo 20,19-23); e depois, com Tomé presente (Jo 20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24); no Monte na Galiléia (Mt 28,16-20); segundo S. Paulo “apareceu a mais de 500 pessoas” (1 Cor 15,6) e a Tiago (1 Cor 15,7).
Toda a pregação dos Discípulos estava centrada na Ressurreição de Jesus. Diante do Sinédrio Pedro dá testemunho da Ressurreição de Jesus (At 4,8-12). Em At 5,30-32 repete.  Na casa do centurião romano Cornélio (At 10,34-43), Pedro faz uma síntese do plano de Deus, apresentando a morte e a ressurreição de Jesus como ponto central. S. Paulo em Antioquia da Pisídia faz o mesmo (At 13,17-41).
A primeira experiência dos Apóstolos com Jesus ressuscitado, foi marcante e inesquecível: “Jesus se apresentou no meio dos Apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espírito. Mas ele disse: “Por que estais perturbados e por que  surgem tais dúvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! “Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, como, por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos, disse-lhes: “Tendes o que comer?” Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o então e comeu-o diante deles”. (Lc 24, 34ss)
Os Apóstolos não acreditavam a principio na Ressurreição do Mestre. Amedrontados, julgavam ver um fantasma, Jesus pede que o apalpem e verifiquem que tem carne e ossos. Nada disto foi uma alucinação, nem miragem, nem delírio, nem mentira, e nem fraude dos Apóstolos, pessoas muito realistas que duvidaram a principio da Ressurreição do Mestre. A custo se convenceram. O próprio Cristo teve que falar a Tomé: “Apalpai e vede: os fantasmas não têm carne e osso como me vedes possuir” (Lc 24,39). Os discípulos de Emaús estavam decepcionados porque “nós esperávamos que fosse Ele quem restaurasse Israel” (Lc 24, 21).
Com  os Apóstolos aconteceu o processo exatamente inverso do que se dá com os visionários. Estes, no começo, ficam muito convencidos e são entusiastas, e pouco a pouco começam a duvidar da visão. Já com os discípulos de Jesus, ao contrário, no princípio duvidam. Não creem em seguida na Ressurreição. Tomé duvida de tudo e de todos e quer tocar o corpo de Cristo ressuscitado. Assim eram aqueles homens: simples, concretos, realistas. A maioria era pescador, não eram nem visionários nem místicos. Um grupo de pessoas abatidas, aterrorizadas após a morte de Jesus. Nunca chegariam por eles mesmos a um auto-convencimento da Ressurreição de Jesus. Na verdade, renderam-se a uma experiência concreta e inequívoca.
Impressiona também o fato de que os Evangelhos narram que as primeiras pessoas que viram Cristo ressuscitado são as mulheres que correram ao sepulcro. Isto é uma mostra clara da historicidade da Ressurreição de Jesus; pois as mulheres, na sociedade judaica da época, eram consideradas testemunhas sem credibilidade já que não podiam apresentar-se ante um tribunal. Ora, se os Apóstolos, como afirmam alguns, queriam inventar uma nova religião, por que, então, teriam escolhido testemunhas tão pouco confiáveis pelos judeus? Se os evangelistas estivessem preocupados em “provar” ao mundo a Ressurreição de Jesus, jamais teriam colocado mulheres como testemunhas.
Os chefes dos judeus tomaram consciência do significado da Ressurreição de Jesus, e, por isso,  resolveram apaga-la: deram aos soldados uma vultosa quantia de dinheiro para negá-la (Mt 28, 12-15). A ressurreição corporal de Jesus era professada tranquilamente pela Igreja nascente, sem que os judeus ou outros adversários a pudessem apontar como fraude ou  alucinação.
Eles não tinham disposições psicológicas para “inventar” a notícia da ressurreição de Jesus ou para forjar tal evento. Eles ainda estavam impregnados das concepções de um messianismo nacionalista e político, e caíram quando viram o Mestre preso e aparentemente fracassado; fugiram para não ser presos eles mesmos (Cf. Mt 26, 31s); Pedro renegou o Senhor (cf. Mt 26, 33-35). O conceito de um Deus morto e ressuscitado na carne humana era totalmente alheio à mentalidade dos judeus.
E a pregação dos Apóstolos era severamente controlada pelos judeus, de tal modo que qualquer mentira deles seria imediatamente denunciada pelos membros do Sinédrio (tribunal dos judeus). Se a ressurreição de Jesus, pregada  pelos Apóstolos não fosse real, se fosse fraude, os judeus a teriam desmentido, mas eles nunca puderam fazer isto.
Jesus morreu de verdade, inclusive com o lado perfurado pela lança do soldado. É ridícula a teoria de que Jesus estivesse apenas adormecido na Cruz. Os vinte longos séculos do Cristianismo, repletos de êxito e de glória, foram baseados na verdade da Ressurreição de Jesus. Afirmar que o Cristianismo nasceu e cresceu em cima de uma mentira e fraude seria supor um milagre ainda maior do que a própria Ressurreição do Senhor.
Será que em nome de uma fantasia, de um mito, de uma miragem, milhares de fiéis enfrentariam a morte diante da perseguição romana? É claro que não. Será que em nome de um mito, multidões iriam para o deserto para viver uma vida de penitência e oração? Será que em nome de um mito, durante já dois mil anos, multidões de homens e mulheres abdicaram de construir família para servir ao Senhor ressuscitado? Será que uma alucinação poderia transformar o mundo? Será que uma fantasia poderia fazer esta Igreja sobreviver por 2000 anos, vencendo todas as perseguições (Império Romano, heresias, nazismo, comunismo, racionalismo, positivismo, iluminismo, ateísmo, etc.)? Será que uma alucinação poderia ser a base da religião que hoje tem mais adeptos no mundo (2 bilhões de cristãos)? Será que uma alucinação poderia ter salvado e construído a civilização ocidental depois da queda de Roma? Isto mostra que o testemunho dos Apóstolos sobre a Ressurreição de Jesus era convincente e arrastava, como hoje.
Na verdade, a grandeza do Cristianismo requer uma base mais sólida do que a fraude ou a debilidade mental. É muito mais lógico crer na Ressurreição de Jesus do que explicar a potência do Cristianismo por uma fantasia de gente desonesta ou alucinada. Como pode uma fantasia atravessar dois mil anos de história, com 266 Papas, 21 Concílios Ecumênicos, e hoje com cerca de 4 mil bispos e 416 mil sacerdotes? E não se trata de gente ignorante ou alienada; muito ao contrário, são universitários, mestres, doutores.

Um comentário em “Jesus ressuscitou de verdade?

  1. Como Sempre Professor Felipe, eu bebo suas palavras. O Sr não sita entre os perseguidores, os protestantes, porque eles se denominam Cristãos, no entanto, são eles a maior trave para o crescimento dos verdadeiros Cristãos. Imagino como Jesus seria contemplado se o universo se unisse á uma só fé…Páz e bem!!

sábado, 5 de abril de 2014

Pastor protestante se converte à Igreja Católica depois de 20 anos como ‘crente’.

Hoje faz exatamente 20 anos do meu batismo na Igreja Assembleia de Deus. Foi em 27 de Março de 1994, domingo, na igreja sede da Assembleia de Deus no Brás (Ministério em Madureira, hoje mais conhecida como AD Brás).
Foi um momento marcante em minha vida, eu estava vivendo uma linda experiência de conversão e aquele ato batismal era o cumprimento de uma decisão tomada poucos meses antes, quando aceitei a Jesus como meu Salvador. Sempre fui apaixonado pelo Evangelho desde criança, quando ganhei minha primeira Bíblia aos sete anos, poderia até ver isso como uma vocação sacerdotal.
Passados estes vinte anos eu vivo novamente a experiência da conversão, mas desta vez minha fé me trouxe de volta à Igreja Católica Apostólica Romana.
No período em que estiva na Assembleia de Deus participei de grupos de mocidade, fui professor de Escola Bíblica Dominical e um cursei Teologia(Básico) pela EETAD, curso que deixei pela metade para viver o meu sonho de trabalhar em uma emissora de rádio.
Por um período de sete anos eu apresentei um programa chamado “Jovens Para Cristo” que era patrocinado pelos membros da igreja. Neste período eu trabalhei como funcionário desta emissora até o seu fechamento pela Anatel em 2002. Após o fechamento da emissora de rádio, passei por um período de depressão e me afastei da igreja.
Meses depois eu, por conta própria, decidi procurar uma igreja diferente para frequentar, um misto de vergonha e orgulho me impediu de retornar à minha antiga congregação. Deste tempo, até aqui, fui membro de três igrejas diferentes, passei por altos e baixos na minha fé. Apesar de sucessivas decepções, aconteceu a maior dádiva da minha vida, conheci a moça que hoje é minha esposa e mãe de meu filho. Deus me abençoou com uma família maravilhosa.
Nestes últimos anos desenvolvi diversas atividades ministeriais, especialmente voltadas para a evangelização de jovens, também ministrei cursos para formação de lideres e obreiros. Até que cheguei ao pastorado, fui pastor auxiliar pelo período de um ano e pastor titular por outro período de um ano em uma congregação que inaugurei junto ao ministério do qual fazia parte.
Pouco depois do nascimento de nosso filho, por motivos alheios à minha vontade, renunciei à direção da igreja que pastoreava e meses depois entendi que deveria abrir mão do ministério pastoral. Era dia 12 de Outubro de 2012 eu preguei o meu último sermão na igreja sede da igrea que congregava e sabia que não retornaria mais a um púlpito na condição de pastor.
Tudo que eu sempre almejei e alcancei, deixei pra trás, somente restou em meu coração a ardente paixão pelo Evangelho e minha vida consagrada a Cristo. Ao longo desta experiência muita dor, angústia e lágrimas derramadas.
Talvez, nesse ponto, você esteja se perguntando o motivo de atitudes tão drásticas, tão radicais. Tais motivos, claro existem, mas decidi não falar sobre tais assuntos no momento.
Reencontro com o catolicismo
Fui criado católico, fui batizado, fiz a primeira comunhão, mas aos 18 anos, nenhum destes fundamentos fazia o menor sentido pra mim.. Na adolescência fiz parte de movimentos ligados à “Teologia da libertação” e com o passar do tempo fui me afastando da igreja. Aos 18 anos aceitei ao convite de um amigo e fui com sua família a um culto da Assembleia de Deus, fiquei maravilhado com aquela atmosfera. Nunca havia sentido uma sensação tão boa,eu me senti tocado por Deus e aceitei seguir aquele caminho.
De modo algum eu quero invalidar este processo de conversão. Foi uma experiência real, verdadeira e produziu frutos em minha vida.
Porém, não é segredo para ninguém que a expansão do Protestantismo no Brasil, especialmente o ramo pentecostal, se deu por conta de uma visão anti católica que, baseada em texto bíblicos, proclamava a verdadeira salvação por meio apenas de igrejas pertencentes a este seguimento. Igreja Católica era sinônimo de idolatria e o Papa, o próprio Anti-cristo.
Passei a ver o catolicismo como uma religião idólatra e anti bíblica. Por anos tive esta visão e convicção.
No auge da rede social Orkut, entrei em uma comunidade de debates entre católicos e evangélicos. A comunidade “Debate Católicos e Evangélicos” carinhosamente chamada de “DC&E” congregava um número interessante de pessoas tanto católicos quanto evangélicos, ali tínhamos debates teológicos de grandeza magistral, mas também exemplos extremistas de fundamentalismo religioso, de ambas as partes.
Logo em minha primeira participação na comunidade entrei em um tópico que debatia algo sobre as Escrituras, fui logo confrontando e declarando de que adiantava debater sobre a Bíblia e não acreditar, nem fazer o que ela mandava.
Naquele dia eu levei a maior surra de interpretação bíblica, apanhei até cansar de um católico chamado Paulo, mais conhecido como Confrade. Eu não tinha argumentos, mesmo sendo um leitor ativo da Bíblia, me considerando apto a debater as Escrituras, eu fui calado pela sabedoria e conhecimento daquele rapaz. Derrotado, pedi perdão pelo equívoco…
Passei e estudar com mais afinco o catolicismo, seus costumes, o Magistério, a Tradição, os dogmas, especialmente os ligados à Maria, mãe do Mestre.
O efeito disso foi a anulação do sentimento anti catolicismo adquirido e o início de uma fase de fraternidade e aprendizado. Porém, nunca concebi à ideia de me tornar católico novamente.
A comunidade foi fundamental para renovar a minha mente. Passei a enxergar a Igreja Católica com a Igreja de Cristo, todo protestante deve entender que sem ela, o Evangelho não nos alcançaria.
No entanto foram necessários alguns anos para que eu entendesse que deveria regressar à Igreja mãe.
Foram necessárias várias decepções, muitas frustrações, para poder abrir o meu coração e conceber que meu lugar é na Igreja Católica.
Após renunciar ao pastorado e à direção de uma igreja, eu me desigrejei. Não queria mais saber de templos e religião institucionalizada.
Decidi romper com a religião. Eu tinha a minha fé, acreditava em Deus e viveria para fazer o bem e por minha família. Não queria mais vínculo com denominação alguma, minha religião era Cristo, e pronto.
Iniciei o projeto deste blog, compartilhando textos com amigos do Facebook. Comecei a escrever sobre a fé cristã, postar reportagens e notícias sobre os cristianismo, inclusive algumas polêmicas e escândalos.
Até que um belo dia escrevi o texto Castel Gandolfo: Onde o Papa passa as férias. Isso foi no dia 11 de Janeiro de 2013, no início da noite.
Foi uma noite mal dormida, pois sonhei com o Papa Bento XVI e a ideia de ser novamente um católico. Cheguei a comentar com minha esposa: “… e se eu voltasse para Igreja Católica?”
A ideia se transformou em desejo, e o desejo, decisão. Eu comecei a compartilhar isso com meu amigo Marcio Araújo, mais um remanescente da “DC&E”, e desde então ele tem me ajudado. Márcio é dono da página Beleza da Igreja Católica e tem sido um grande incentivador da minha jornada. Pouco tempo depois criei a página Francisco, o Papa da humildade, fiquei maravilhado com a mensagem cristocêntrica do Papa, só faltava conferir se a Igreja correspondia a tamanho entusiasmo.
Comecei a participar da Missa, mas mantive a discrição. No início ia para observar, mas, com o passar do tempo, eu já estava envolvido de corpo e alma. Um determinado dia marquei uma reunião com o padre Douglas, pároco da nossa região. O recebi em minha casa para um café da manhã e conversamos bastante.
Foi muito especial, contei a ele minha história e tenho recebido o seu apoio e instrução, iniciei o curso de Crisma a pouco dias em uma classe de Catequese voltada para os adultos. Estou vivendo intensamente este processo de conversão, aprendendo a viver esta fé milenar em sua plenitude.
Adenilton Turquete

quarta-feira, 12 de março de 2014

Renovação e Missão

Cardeal Orani Tempesta – Arcebispo do Rio de Janeiro
Nestes tempos de tantas mudanças e transformações, resultado da mudança de época que estamos vivendo, quando muitas vezes nos perguntamos para que rumo estamos nos dirigindo, gostaria de compartilhar algumas reflexões durante este tempo quaresmal, que deveriam iluminar a nossa vida eclesial. “A Igreja peregrina, por sua natureza essencialmente missionária, recebeu o mandato solene de anunciar a verdade salvífica até os confins da terra”.
Nestes tempos de grande agitação sociológica, e sintonizados com a preocupação da Igreja do Brasil que estuda o documento (que será aprovado na próxima Assembleia dos Bispos) que procura compreender a Paróquia enquanto comunidade de comunidades e à luz do Documento de Aparecida, venho reforçar a necessidade de fortalecermos a dimensão missionária de “ir ao encontro do Outro”. Um caminho proposto é seguir as orientações dadas pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
O que nos ensina a Igreja? Somos convidados a fortalecer as instâncias de diálogo e missão paroquial através das pastorais, movimentos, associações, comunidades para que possamos incrementar a nossa presença nesta grande cidade. Por isso, devemos ter uma visão forte da presença da família que evangeliza, que ajuda os pastores e as lideranças a tornar o Cristo mais conhecido, amado e seguido. É presença dos cristãos leigos no mundo em todos os âmbitos. Nesse sentido, a Dimensão Familiar, com todos os seus movimentos e pastorais, nestes tempos de dificuldades e questionamentos com relação a esse tema, deveria estar presente no centro da atenção de todos nós. Aqui, a convocação do Sínodo dos Bispos sobre a família nos aponta bem claro nessa direção. Por isso, as coordenações de pastoral paroquial, os coordenadores de Comunidades fortaleçam em suas reuniões e encontros a dinâmica missionária dos agentes. Lembrar que a missão é mandato de Jesus: Ide e evangelizai! “Sair dos próprios confins, anunciar o Evangelho e edificar a Igreja”.
O Papa Francisco não cansa de repetir, e exaltou a cultura do encontro e a importância do diálogo como meio de conhecimento recíproco. O Papa João Paulo II escreveu que “lugares privilegiados deveriam ser as grandes cidades, onde surgem novos costumes e modelos de vida” (RM). Além disso, os meios de comunicação devem multiplicar a possibilidade de anunciar o Evangelho e integrar a mensagem nesta “nova cultura”, criada pela comunicação moderna.
Nas grandes realidades metropolitanas, como a nossa cidade do Rio de Janeiro, é preciso, ainda, que a Igreja esteja presente em todos os cantos e seja dinâmica; uma Igreja a serviço do Reino para anunciá-lo, além de testemunhar e difundir os valores evangélicos; rezar para que venha o Reino de Deus, manifestando a convicção fundamental de que o Reino é um dom, que requer desejo, expectativa e invocação.
O Papa Francisco ensina que devemos viver uma Igreja “em saída”. Por isso, é fundamental que as Igrejas estejam com portas abertas durante o dia! E aberta a todos. A Igreja é a casa paterna, onde há lugar para todos com sua vida fadigosa. O primeiro anúncio é sempre o kerigma, a boa notícia que alegra o coração da pessoa por que a acolhe com suas feridas e dificuldades, apresentando-lhe Cristo Jesus.
Saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta, e Jesus repete-nos sem cessar: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37)
Por isso, devemos pousar um olhar de fé sobre a realidade que não pode deixar de reconhecer o que semeia o Espírito Santo. Uma cultura popular evangelizada contém valores de fé e solidariedade que podem provocar o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e crente, e possui uma sabedoria peculiar que devemos saber reconhecer com olhar agradecido. E nós sabemos como o nosso povo sabe ser fraterno, acolhedor e solidário!
O Papa Francisco denunciou os desafios do tempo atual: mundanismo espiritual. O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal. São aqueles que querem apenas aparecer, propalar o que fazem ou o que construíram materialmente. Como se isso bastasse. É aquilo que o Senhor censurava aos fariseus: “Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que vem do Deus único?” (Jo 5, 44). É uma maneira sutil de procurar “os próprios interesses, não os interesses de Jesus Cristo” (Fl 2, 21). Reveste-se de muitas formas, de acordo com o tipo de pessoas e situações em que penetra.
O apelo do Papa é provocante e exige conversão pessoal: “Aos cristãos de todas as comunidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna que se torne fascinante e resplandecente. Que todos possam admirar como vos preocupais uns pelos outros, como mutuamente vos encorajais, animais e ajudais: ‘Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros’ (Jo 13, 35). Foi o que Jesus, com uma intensa oração, pediu ao Pai: ‘Que todos sejam um só (…) em nós [para que] o mundo creia’ (Jo17, 21). Cuidado com a tentação da inveja! Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são de todos… Rezar pela pessoa com quem estamos irritados é um belo passo rumo ao amor, e é um ato de evangelização. Façamo-lo hoje mesmo. Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!”
A salvação de Deus é para todos: ser Igreja significa ser povo de Deus, de acordo com o grande projeto de amor do Pai. Isto implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade; quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, deem esperança e novo vigor para o caminho. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho.
Por isso, somos convocados a ser Evangelizadores com Espírito. Uma evangelização com espírito é uma evangelização com o Espírito Santo, já que Ele é a alma da Igreja evangelizadora. Antes de propor algumas motivações e sugestões espirituais, invoco uma vez mais o Espírito Santo; peço-Lhe que venha renovar, sacudir, impelir a Igreja numa decidida saída para fora de si mesma, a fim de evangelizar todos os povos.
A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele, que nos impele a amá-Lo cada vez mais. Precisamos implorá-lo cada dia, pedir a sua graça para que abra o nosso coração frio e sacuda a nossa vida tíbia e superficial. Colocados diante d’Ele com o coração aberto, deixando que Ele nos olhe, reconhecemos aquele olhar de amor que descobriu Natanael no dia em que Jesus Se fez presente e lhe disse: “Eu vi-te, quando estavas debaixo da figueira!” (Jo 1, 48).
Toda a vida de Jesus, a sua forma de tratar os pobres, os seus gestos, a sua coerência, a sua generosidade simples e quotidiana e, finalmente, a sua total dedicação tudo é precioso e fala à nossa vida pessoal. Todas as vezes que alguém volta a descobri-Lo, convence-se de que é isso mesmo o que os outros precisam, embora não o saibam: “Aquele que venerais sem O conhecer, é Esse que eu vos anuncio” (At 17, 23).
O entusiasmo na evangelização funda-se nesta convicção. Temos à disposição um tesouro de vida e de amor que não pode enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir. É uma resposta que desce ao mais fundo do ser humano e pode sustentá-lo e elevá-lo. É a verdade que não passa de moda, por que é capaz de penetrar onde nada mais pode chegar. A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito. Esta convicção, porém, é sustentada com a experiência pessoal, constantemente renovada, de saborear a sua amizade e a sua mensagem. Não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor se não se está convencido, por experiência própria, que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não conhecê-Lo, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando, não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar a sua Palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar n’Ele ou não o poder fazer. Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho em vez de fazê-lo unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa. É por isso que evangelizamos. O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar segura do que transmite, faltam-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada não convence ninguém.
A Conferência de Aparecida é lúcida ao afirmar: “A renovação missionária das Paróquias impõe-se na evangelização tanto das grandes cidades como do mundo rural de nosso continente; isto nos está exigindo imaginação e criatividade para chegar às multidões que anseiam o Evangelho de Jesus Cristo. Particularmente, no mundo urbano, estuda-se a criação de novas estruturas pastorais, posto que muitas delas nasceram em outras épocas para responder às necessidades do ambiente rural” (DAp 173).
Por isso mesmo, cabe a nós, na realidade complexa do Rio de Janeiro, deixar como herança aos nossos familiares o tesouro da fé católica, a vivência das verdades de nossa fé, empenhando-nos numa autêntica renovação pastoral e num verdadeiro sair de si e ir ao encontro do outro, na cultura do diálogo e do encontro.
Mãos à obra, que o olheiro é Cristo, que caminhará conosco neste bom propósito!